Todas as culturas e mitologias testemunham um interesse particular pelo fenómeno dos gémeos. Quaisquer que sejam as formas sob as quais eles são imaginados: perfeitamente simétricos, ou um obscuro e o outro luminoso, um voltado para o céu e o outro para a terra, exprimem ao mesmo tempo, uma intervenção do além e a dualidade de todo o ser ou o dualismo das sua tendências, espirituais e materiais, diurnas e nocturnas. É o dia e a noite, os aspectos celeste e terrestre do cosmos e do homem. Quando eles simbolizam, assim, as oposições internas do homem e o combate que ele tem de travar para as ultrapassar, revestem-se de um significado sacrificial: a necessidade de uma abnegação, da destruição ou da submissão, do abandono duma parte de si mesmo, para o triunfo do outro. E caberá naturalmente às forças espirituais da evolução progressiva assegurar a sua supremacia sobre as tendências regressivas. Pode acontecer que os gémeos sejam idênticos e então não exprimem então senão a unidade de uma dualidade equilibrada. Simbolizam a harmonia interior obtida pela redução do múltiplo à unidade.
Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, em Dicionário dos Símbolos
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